sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Por você não precisar de mim.

Metade de mim é sono.
A outra metade é sina.
Ainda deitado, observo sua calça pousada ali em cima. Naquela cadeira, pura madeira, onde você tanto tinha medo de sentar pois rangia mais que o normal. E era mais dura que você.
Observo seus cabelos acomodados em minha barriga enquanto você dorme no sobe e desce da minha respiração. E eu não sei por que diabos você deitava ali mas você argumentava "eu gosto da sensação."
Eu gosto da sensação.

(Se sua mão, por acaso, pousa na minha, você tira. Se meus braços, por acaso, te abraçam por mais tempo, você recua. Se seus olhos, por acaso, me puxam um sorriso, você vira para o outro lado.
Mas eu gosto da sensação - mesmo que dure 5 segundos.)

Observo sua calça pousada ali em cima e sei que não vai demorar pra ela sair dali. E nem a blusa que está jogada em algum canto do quarto do qual não me recordo. E nem você. Porque você nunca se demora. Porque você vem rápido como aquela chuvinha de verão, só pra dar uma refrescada, e vai embora logo depois deixando na gente um quê de quero mais. De preciso de mais. Enquanto você nunca precisa de mais ninguém além de você mesma. E faz questão de deixar isso claro até quando se rende à carência, segura de que é por querer, e não precisar.
De tanto te querer por não precisar de mim, 
acabei por precisar de você (precisando de mim).

Tenho sono mas não vou dormir. Dormir seria perder o tempo em que te tenho até você atravessar aquela porta e só voltar daqui algumas semanas, quando não tivesse mais nada interessante pra fazer. Ou ninguém mais interessante com quem fazer. Seria perder a sensação de ter você nos meus braços e estar no seu mundo por mais alguns minutos. E eu gosto da sensação. Mesmo sabendo que não vai durar muito e que, talvez, muito talvez mesmo, isso de você estar comigo, mesmo que só nesse pouco tempo, seja só físico. Porque eu acho que você pensa nele. Ou, por causa dele, não se deixou pensar em mais ninguém. Nem dar amor, nem receber. E todo o amor que você quer - e não precisa - receber, pode te ser dado em algumas horas compartilhadas na madrugada. 
Eu acho que você tem medo.
Eu acho que você ainda está lá, presa.

Ou, talvez, eu que não queira acreditar que você seja assim tão livre, na esperança de que, um dia, você possa se prender a mim.
 

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